quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Daquilo que passa



Era uma voz, que eu já tão sem crenças fui dando um jeito de torná-la fraca, quase inexpressiva. Um dia me veio como um arrombo, daqueles impossíveis de não serem notados, e no entusiasmo de quem finalmente é ouvido, ela me dizia simplesmente “você pensa demais, se esquece contudo que para sentir não depende do seu pensar… você não se permite sentir, porque enquanto sente, tenta interpretar o que está sentindo, e, assim, permite que o que sente se afogue, por não ter força”… A mesma voz completava que não precisamos seguir rastros, se todos temos condições de criar passos…
Naquela tarde resolvi pegar as naus que restavam, e dei abrigo a todas as sensações. Nem a mais grave se indispôs em aparecer. Mas todas passam. E essa era a única certeza adquirida.
Daquele dia em diante eu resolvi ser  alguém que dá abrigo apenas às passagens.

2 comentários:

  1. Passagens que cada vez mais nos mostram o quanto não nos conhecemos... Parabéns Bea, pelo lindo blog...

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  2. Bea,

    essa foto é mágica, lembro dela...
    os rastros são inevitáveis minha flor, mas nós também os deixamos... eu quero seguir tua nau, também. pegar a minha. que ela tá logo aqui do lado, e eu sei. o meu amor é teu, amiga

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Voe...