sábado, 6 de novembro de 2010

Sonhei que sonhava uma canção


Y soñando que un sueño era mi traje
comencé la canción, la poesía,
y aquel sueño aprendió todo el mundo de mí
e iba yo sin saber que él sabía, que él sabía.
Y así fui, por la tierra, por los mares,
por los cielos, las noches y los días,
los amores, los templos y los bares,
así fui con mi sueño que sabía.
Y aquel sueño que yo soñaba puesto
comenzó a soñar que él me soñaba
y un buen día aprendí todo el mundo de él.
y ahora somos pareja en la sala
e inventamos un vals que bailamos para soñar.
Silvio Rodriguez

Movimento ao meu redor.  Eram passantes, eram passados, eram presentes, eram amores. Havia ação neste exterior, muitos rostos conhecidos, outros nem tanto, mas todos irremediavelmente – ali.
A despeito dos meus olhos que a tudo chegavam, ao longe, o olhar não era nunca retribuído. Eu não era vista, e a atuação dava a entender que, realmente, eu não estava ali. Mas sim, eu me sentia, eu sentia, eu estava.
Estava fechada, porém, em um lugar que não havia muros – e nenhum material atuava em separar interior-exterior. Um lugar por onde todas as imagens exteriores entravam.
Estava exposta, porém invisível. Também queria interagir, queria atuar: também queria viver, como todos. Mas não podia. Eu não estava desperta, e não havia ninguém que pudesse me tirar daquele estado, a não ser eu mesma.
Um encontro.
Um encontro que demorava a acontecer.
E aquele eu quietinho, meio recolhido, ficava numa mistura estranha de ansiedade e espera, querendo poder sentir a força do próprio passo, os ritmos do próprio andar, os traçados dos caminhos produzidos pelo corpo, com calma e persistência, tal como o vôo de uma gaivota que atravessa o ar e a sua dureza, sutilmente. Mas o tempo. Ah… 
O tempo estava suspenso. Era aquele que não passa, ou se demora, ou nunca chega.
Até hoje não consegui saber ao certo se com esse corte fiquei esperando até ser acordada, finalmente, ou se simplesmente me rebelei. Se o encontro se deu? Acredito que em vários níveis, e pode não ter sido frente a frente, como um espelho, afinal, não só o que se reflete idêntico devolve o olhar.
Prefiro poetizar que sim, que tenha resolvido deixar de esperar, afinal, gosto mais de pensar a paciência de mãos dadas com tudo aquilo que é vivo. E também tem me vindo como carícia a idéia de que a redoma, agora rompida, tenha cedido lugar a pernas, passos, danças, caminhos e vôos mais libertos...


2 comentários:

  1. bege... agora entendo o comentário, arrepio.

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  2. Pra tu veres a intensidade dos últimos momentos, Sandrinha... Ficam também os aromas da tua passagem por aqui. =**

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Voe...