quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre o chão necessário para alçar os vôos.

"Cuidando de qualquer minha pre-ocupação sinalizava que eu não me assustasse ou amaldiçoasse o jeito das coisas reverssas, aquelas que desentendo, porque vida é paisagem larga mesmo, lugar de se ter isso no meio de tudo; com os avessos e diversos diante dos olhos aprendemos a contemplar, se embeber, a convidar a coragem e apostar no que os poros ainda desconhecem, também porção de nós a se reinventar no tempo, abismando-nos em nossos delicados corpos. Cerrou a prosa-leitura assim: e se renunciamos ao desconhecido por medo, nunca viveremos algumas necessárias distâncias dos amores, próximas paixões, profundos (des)afetos, o que a vida tráz pra gente, o outro fica aguado para o nosso gosto, a escuta fica cocha, o desgosto se aproxima e o mau gosto nos toma.

Assustada com o desatino do sono, o interrompi acordando, tem vertigens que só são possíveis a conta-gotas, aos poucos, um tanto por noite. Tateava meu nariz, minha boca, a maçã do rosto, pedaços anscestrais de mim que conseguia acessar na madrugada. Percebi uma antiga sensação, presente como primeira: um tanto de Oxum, Iemanjá, Iansã, Xangô, Cabocla e outros desconhecidos guerreiros me amparando no breu, naquela noite e em toda vida, quando me despi das religiões, cavucando forças pra nunca mais evocar o Deus; nas cisões amorosas onde a raiva coabitava estranhamente com a ternura; nas quebras de pensamentos e práticas cotidianas, neste fio de loucura e vida... cada um me acolhendo por vez, ou todos juntos.

A vida é tão bonita que estranha, ela independe do meu entendimento para continuar a acontecer."

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Dos abraços, acompanhamentos e palavras, das mais lindas, aliás... Da beleza que é esta menina-mulher-da-pele-preta na minha vida: Dani.
Gracias a la vida que me ha dado tanto...

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